Wednesday, November 22, 2006

XCeará 2006 - Uma visão do André Lira


Depois de ler o relato dos grandes vôos que nosso amigo Carcará fez neste XCeará, em termos de Vôo não tenho muito pra contar; fora o susto que tomei logo no primeiro dia da competição, depois de Custódio, onde tentava domar uma térmica bicuda e ao fazer um giro mais apertado, negativei a vela e entrei em efeito cascata! Quando consegui resolver o "probleminha" já tinha perdido uns 300 m e me encontrava em um rotor brabo, bem atrás de um morrote, ai pra meu desespero, começou tudo de novo, só que dessa vez a 100 m! Fui negativando até o chão, sem controle nenhuma da vela. Sorte - graças a Deus – fui pinçado por um galho de árvore mais alto e tudo não passou de um susto, UFA! De qualquer forma, passei a semana toda por lá e pude observar e aprender muitas coisas sobre o vôo de Cross.
O XCeará é sem dúvida uma grande oportunidade para evoluirmos como piloto e pessoa. Além de aprimorarmos nossas técnicas de pilotagem - navegação, aprendemos muito a lidar com nossos limites, trabalhando a mente o tempo todo, para não deixar que o medo tome conta. E ai quando percebemos, superamos aquilo que achávamos impossível para gente. Isso é o mais fantástico que acho no vôo de Cross, já que temos que decolar na condição Forte se quisermos, atingir nossos objetivos.
Esse ano, a condição estava muito boa – forte como sempre, possibilitando grandes vôos todos os dias. Uma das coisas interessantes que observamos, era o horário de decolagem da galera. Os caras não esperavam muito na rampa não, tinha sol e vento, tava todo mundo decolando. Houve dias em que 07:30 já tinha piloto no ar. O grande desafio de quem decola cedo é se segurar no ar até a condição se firmar. Víamos muita gente decolando e após a tirada cair, logo atrás da rampa. A maioria não passava de Custódio. Em compensação, os poucos que passavam, tiveram garantido vôos de 300 Km. Esse ano o recorde não caiu por pouco, pois teve piloto voando quase 370 km. De qualquer forma a galera que pregava atrás ou na frente da rampa, logo estava de volta para mais um vôo. É interessante, como os caras conseguem driblar o céu azul, a baixa altura e ir se segurando na condição fraca. Cedinho era bom pra decolar, pois o vento estava brando, como uma decolagem de final de tarde. Após as 09:00, o sol esquentava e ai o vento aumentava bastante; alguns dias a rajada passou dos 60 Km/h. Era muito tenso a decolagem e tínhamos uma janela curtinha pra decolar e escapar de voar pra trás. Vimos alguns pilotos voarem pra trás, mas a maioria conseguiu se safar do famigerado rotor. Depois de decolar, era canhão pra cima! Termais de 7m/s te colocavam rapidinho na base e ai era tirar pro Cross. O problema eram as grandes descendentes, que exigia boa técnica de navegação pra não sair a 2.500 m e pregar logo ali depois da galinha. Já a tarde era mais fácil voar, pois a condição estava mais definida e as descendentes eram mais amenas, porém o vôo ficava limitado.
Em alguns dias tivemos grandes entre-ciclos em um horário que parecia bombar tudo, 12:00, condição linda, formações enormes, mas era uma ralação desgraçada e se bobeasse pregava na frente.
Quanto as máquinas que a galera voava, mas uma vez predominou os Boomerangs 4 e Sport (Inclusive, se não me engano, o Rafael, que ganhou o evento, voava um BSport que é uma vela serial DHV 2/3). Além dos Boomerangs, vimos a grande performance dos Ômegas 7, que pareceram velas muito estáveis na turbulência. Um detalhe que chamou a atenção foi o pouco número de velas Sol que estavam competindo, acho que além do Flávio de ARF e do Ceceú que voava um Tracer, tinha apenas mais um Dinamic AR que por sinal só vivia pousado lá na frente.
A estrutura do evento, mais uma vez foi muito bem organizada, os resgates funcionavam perfeitamente, quem pregava lá na frente em 30 minutos estava de volta a rampa pra decolar de novo, e quem não saia da rota tinha resgate garantido onde quer que fosse, a organização está de PARABENS.
Na minha opinião, o que deixou a desejar, foi a situação da nossa rampa, que estava péssima, com pedras pontiagudas no meio da decolagem, buracos e a mata alta lá na cerca. O resto foi só festa, céu colorido - muito legal o pelotão tirando junto – Churrasco, diversão todos os dias, novas amizades etc. Quixadá foi MUUUito bom esse ano! Já to pensando no próximo ano, se Deus Quiser.
Agradeço também a dedicação do CNP, Guy e Paulo, que se empenharam em conseguir as vagas para os pilotos do Ceará!

Valeu!
André

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