Tive o privilégio de poder participar no X-Ceará pela segunda vez consecutiva. Preparei-me durante um ano inteiro apenas com o intuito de estar fisicamente apto para o desafio de participar neste evento. As competições em que participei, os voos de Cross Country que fiz e as muitas horas de preparação física tinham como objectivo estar apto e forte para voar em Quixadá e fazer os melhores voo possíveis.
Uma vez mais e pela segunda vez consecutiva as coisas não correram como sonhara, mas sinto-me feliz e realizado na mesma! Os resultados (em termos de distâncias alcançadas) foram inferiores aos do ano anterior. Voei bastante, mas não fui longe! Simplesmente não me senti mentalmente preparado para ter feito melhores voos do que aqueles que fiz e que guardo como inesquecíveis na mesma.
Não interessa estar apenas fisicamente preparado, quando a mente não sente o desejo de ir mais longe. Todos os meus voos de distância no passado, sempre estiveram relacionados com uma vontade muito grande de querer estar naqueles locais, sonhar com a forma de os realizar, estudar as rotas possíveis, etc... Ao descolar para esses voos tudo acabou por acontecer naturalmente. Desta vez, não quis o suficiente, não me preparei mentalmente e deixei-me distrair por outro tipo de prazeres.
Em Quixadá tudo acontece de uma forma diferente e é preciso querer muito mantermo-nos no ar para conseguirmos ir mais longe. Apenas os persistentes e determinados conseguem alcançar as grandes marcas e eu não fui (uma vez mais) um desses e não fiquei nada decepcionado por isso.
Acho que o facto de estar a participar num evento que me apaixona e que considero um desafio pessoal, no local do mundo onde mais adoro voar, numa paisagem que me fascina, com condições tão adversas e até por vezes perigosas fazem-me vacilar um pouco e levam-me a tomar decisões precipitadas e pouco lógicas. Sei exactamente o que preciso de fazer para voar mais e melhor, mas não consigo encontrar um meio-termo entre voar conservadoramente e arriscar em demasia. Os meus voos em Quixadá têm sido o reflexo da minha atitude em relação à minha vida pouco equilibrada dos últimos tempos (do tipo 8 ou 80) ... Quando não consigo encontrar equilíbrio no que faço, não posso esperar mais do que aquilo que obtive e encaro tudo como mais uma experiência gratificante.
Sinto uma enorme satisfação por ter podido estar uma vez mais presente e de ter tido a oportunidade de rever alguns amigos voadores do mundo inteiro. Aprendi um pouco mais sobre este tipo de voo peculiar e adorei ter descolado com os novos recordistas mundiais e acompanhá-los nas primeiras térmicas no dia do recorde mundial. Adorei testemunhar os feitos do Gonçalo Velez e do Gil Navalho que fizeram voos acima dos 300 kms! Adorei a companhia do Carlos Brazuka e do João Brito e tive um enorme prazer de captar isto tudo em imagens que me fazem sonhar.
Quer me bem parecer que em 2008 vamos estar todos lá outra vez!
Aproveitei alguns dias para aprender KiteSurf em Combuco. Já consigo aguentar-me em pé na prancha e o controle do Kite foi fácil e rápido. Estou em vias de continuar a ter mais algumas aulas (logo que o tempo o permita) para aperfeiçoar a técnica ...
Paulo Reis
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1 comment:
Fala Paulo,
em Quixadá há uma linha tênue entre um vôo de 30km e um de 300km. Ano passado fiz 5 pregos. São detalhes, uma ou duas decisões que podem salvar ou acabar com o dia. Siga tentando que sai. Tente voar um pouco contra-vento ao perder um bom miolo, desacelere quando azular, tente estar nos locais onde as bases são mais retas - nem sempre nuvem significa térmica. Não hesite em executar suas decisões, siga a intuição, mas sem abusar dela.
Os pilotos técnicos têm mais facilidade às vezes mas isso não significa que não caiam, o que evidencia a afirmação da linha tênue. Até os recordistas caíam. Sim, é ciência, mas também outras coisas.
Tente manter uma atitude positiva e motivação: tomar água e comer em vôo, descansar no dia anterior, etc.
Enfim, um dia sai.
Abraço,
Olympio
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